15 agosto, 2007

Keane: de uma bola de cristal para o Porto

Os britânicos Keane actuaram, pela primeira vez, em Portugal, na passada sexta-feira. Cerca de 10 mil pessoas, número avançado pela organização, no local, rumaram o Queimódromo do Porto.

Os três balões brancos de ar ao fundo misturavam-se com algumas luzes em forma de vela: o cenário no qual decorreria, por cerca de uma hora e meia um momento musical a cargo do trio Richard Hughes, Tom Chaplin e Tim Rice-Oxley.

Tim, o pianista de serviço, é o primeiro a avançar. Sozinho, no meio de um placo semi-iluminado protagoniza o instrumental "The iron sea". Com "Put it behind you", do último album de originais, a banda passou de um "mar de ferro" para um "mar de gente", do qual se descataram não só portugueses, mas também, espanhóis e ingleses. Feitas as honras da casa, Tom, o vocalista, dirigiu-se pela então à audiência “é a primeira vez que cá estamos, a cidade é muito bonita e vocês são um público fantástico”, admirou.

Segui-se "Everybody's changing" e "Bend and break", êxitos de "Hopes and fears", o seu álbum de estreia, de 2004. Juntando o microfone ao piano Tom e companhia interpretam "Try again" ao qual se seguiria "Your eyes open", numa versão mais acústica do que o habitual. Além deste último, os temas "Fly to me" e "Hamburg Song" foram interpretados numa estrutura cuja extensão permitia a ligação do palco à zona central do público. Por ser "uma música sobre'shinning lights' que rememora os tempos menos bons que a banda tem vivido", "Hamburg Song", foi, a pedido dos britânicos, entoada à luz de isqueiros e telemóveis.

"A bad dream" foi antecedida de um poema de Neil Hannon, que inspirou a banda na escrita do referido tema. Relembrando o drama "de todos os que foram enviados para uma guerra da qual não sabem se sairão com ou sem vida", Tom pediu aos fãs que vissem e ouvissem o poema, transmitido nos ecrãs laterais, acompanhados por um videoclip e com legendas em português.
Os intervalos entre as músicas foram preenchidos por elogios à recepção lusa, em particular à nortenha, com algum humor tipicamente britânico, Tom chegou mesmo a comentar: “isto de ir tocar só a Lisboa vai mudar no futuro”.

"Is it any wonder?" anuncia o fim da noite, a persistência de uma audiência multi-cultural, traria os Keane de volta ao palco para um encore de três musicas. A banda despediu-se com "Atlantic", "Crystal ball" e "Bedshaped", deixando no ar uma mensagem de esperança, pedindo à sua "bola de cristal" para que "ouça a sua música e os leve de volta às suas raízes".


"Eu sei que encontrarei o meu destino
Algures por entre as nuvens
Aqueles que eu luto, eu não odeio
Aqueles que eu protejo, eu não amo
O meu país é Kiltartan Cross
Os meus compatriotas são os pobres de Kiltartan Cross
Nenhum fim lhes trás mais perdas
Ou os deixa mais felizes
não luto por obrigação
ou lei
ou públicos
ou multidões
em que me aplaudemum
impulso solitário de prazer
trouxe-me a este tumulto nas nuvens
Equilibro tudo e lembro-me de todos
os anos que se seguem parecem uma perda de tempo,
uma perda de tempo nos anos que se passaram
equilibrando esta vida, esta morte".

Neil Hannon

Mais sobre a banda em:
http://www.keanemusic.com/
http://www.keaneportugal.com/


Texto: Daniela Costa
Fotos: Manuel Ribeiro

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