26 novembro, 2007

A Viagem de Paulo Teixeira Lopes

Inaugurada no Sábado, 17 de Novembro, "Etérium, a viagem" marca a estreia individual de Paulo Teixeira Lopes, como Pintor.





Delfim Sousa, director da Casa Museu Teixeira Lopes/Galerias Diogo de Macedo (CMTL-GDM) onde a exposição estará patente até ao próximo dia 30 de Dezembro, refere que a obra "pretende reflectir o conflito e sentimentos paralelos que nos envolvem na interrogação sobre a vida e o seu sentido". "É esse o sentido que Paulo tentou captar através do jogo de cores plurais, que emergem da vontade sublime, da leveza expressiva, da inquietação humana transbordante de sonho e realidade".

O director refere, ainda, "o preto como a cor suporte de todas as obras em exposição, directa ou indirectamente é a arquitectura complexa sem a qual tudo perde sustentabilidade, é a incógnita do desconhecido inevitável e permanente. Em suma o negro representa as margens por onde correm as cores do rio do viver do próprio homem."


"A história do Etérium consiste nas emoções e nos sentidos a serem trabalhados"

A Freelance News (FN) teve a oportunidade de falar com o artista, naquela que é a sua casa de família, a CMTL-GDM. Começou por nos conduzir a uma sala onde o aroma e o som se misturam com os seus quadros. Foi ao som da indiana Xeila Oshandra, cuidadosamente seleccionada pelo próprio, que Paulo nos falou do seu "Etérium":

"É a primeira vez que me dedico aos acrílicos, para passar uma mensagem. Escolhi uma área que me interessava, tentei contar a história do que é, para mim, o Etérium, o invisível, o intangível", explicou o artista.

"A história do Etérium é as emoções e os sentidos a serem trabalhados. Todo o trabalho representado aqui começou há cerca de dois anos. Queria que a exposição conseguisse tocar as pessoas, que não lhes passasse indiferente. Se as emoções forem intensas qualquer pessoa pode capta-las e o meu objectivo é exactamente esse, transmitir emoções trabalhando o mais directo possível com os sentidos", refere o pintor e adianta que ao trabalhar a cor, a textura, o aroma e o som procurou abranger os sentidos na sua totalidade. O facto dele próprio escrever os textos que acompanham os quadros, contribui, citando o próprio "para a produção de uma sensibilidade em que coisas se completem".

"Esteve cá um invisual que ao tocar nos quadros sentiu o ambiente e conseguiu captar a mensagem apesar de não ter a componente visual ", comenta Paulo Teixeira Lopes a título de curiosidade. "É, por isso, uma exposição que só estando presente se consegue perceber estas emoções fortes".

Quando lhe perguntamos se considera-se inovador, responde "só o tempo dirá se isto é inovador ou não. As coisas sempre estiveram aí, cada artista tenta dar algo de si, isto é o meu hobby, será um dia a minha reforma (risos) porque os profissionais de comunicação são um pouco como os jogadores de futebol têm o seu período de tempo e depois afastam-se. Eu simplesmente quis preparar uma exposição intensa e abrangente. A explicação da arte e as sensações criadas devem ser mais abertas possíveis, devem ter uma latitude muito grande para que todas as pessoas consigam captar, quero comunicar a todos desde o mais simples ao mais sapiente, ao nível cultural e artístico".

A inauguração de Etérium

Em relação à inauguração, o pintor considera ter sido uma surpresa "porque as pessoas conseguiram captar a mensagem". "A minha percepção das coisas é que as pessoas saíram tocadas de uma forma estranha porque quando se fala em arte mais abstracta as pessoas fogem um pouco, são mais cépticas, mais críticas”.

"Senti-me muito próximo das pessoas na inauguração, não parei de falar com elas. Sentia que havia emoção nos seus olhos porque conseguiram entender a mensagem", admitiu. "A certa altura fui aplaudido com palavras, até porque existe aqui uma mistura de sangue nesta casa que vem da minha família e foi muito emocionante expor aqui, 30 anos depois de o meu pai, também o ter feito, além de que esta é a casa do meu tio-avô", confessou.

De onde veio e para onde vai

Quando questionado sobre como nasceu a ideia de apresentar a exposição, responde prontamente: "Gosto de estar com os quadros no escritório. Não sou muito de os passar para fora, gosto da companhia deles. Fiz esta exposição porque amigos me incentivaram a pôr cá fora alguns desses trabalhos".

No que diz respeito ao futuro da "viagem", o artista explicou que alguns dos quadros em exposição estão já vendidos e que os respectivos donos, "aceitaram de bom grado tê-los aqui expostos, contudo um deles, acabou por admitir que sente falta do quadro. Apesar disso parece-me haver receptividade para que a exposição circule".

Ainda em declarações à FN, Paulo refere ter algumas propostas para fazer circular a exposição para fora do conselho de Vila Nova de Gaia, contudo, devido ao custo e a alguns problemas logísticos o processo está ainda em aberto. Mas, já existem contactos no sentido de levar a exposição para fora da cidade. Vila Real é um desses exemplos.

Quanto à possibilidade de desenvolver uma nova exposição com outros trabalhos de sua autoria, Paulo Teixeira Lopes adianta que em relação aos trabalhos que tem guardado, o seu destino será, provavelmente, permanecerem tal como estão, guardados. Contudo, "esta história não termina aqui e como já há quadros vendidos, provavelmente vou ter que me manter nesta história durante algum tempo. Há um percurso a seguir que já está mais ou menos definido. Mas quanto ao futuro, só o tempo dirá. O destino é como a história do “Etérium” - é-me colocado à frente e eu vou trilhá-lo, vai haver encruzilhadas, cruzamentos em que as pessoas vão perceber qual a minha filosofia de vida e o meu entendimento do processo evolutivo que temos quando passamos por este mundo físico. "Nascer, evoluir e morrer é como a porta para algo que eu me recurso terminantemente a acreditar que é um fecho de uma porta, é antes uma abertura e é essa a ideia que eu mostro, a de que estamos aqui, não como um principio e um fim, mas sim, num percurso de passagem.

O pintor deixa o convite: " este é um trabalho com muitos metais e por isso, difícil de fotografar. Algumas pessoas que o visitaram dizem mesmo que não tem nada a ver com a fotografia. Para sentir realmente a exposição sugiro que venham visitar a exposição, não que eu queira mostrar o meu trabalho, mas acho que é uma experiência pela qual as pessoas poderão passar. Talvez ao conhecer este tipo de filosofia, possa mudar aos poucos a forma de pensar de muita gente e a cidade, ou mesmo o mundo se possa tornar melhor e mais habitável. É quase um processo de evangelização, isto apesar de não ser religioso (risos) "



O que sentem os visitantes da 'viagem'?

Por falar em religião, a Irmã Gabriela, também ela com um percurso ligado à Arte, partilhou com a FN o que sentiu ao visitar a exposição de Paulo: "Foi a primeira vez, da minha longa vida em contacto com a arte - dos 8 até hoje, que tenho 82 - que encontrei um exemplo de arte moderna abstracta, com resposta. As obras do Paulo têm um conteúdo, uma espiritualidade, uma razão de ser, uma explicação, noutras, por vezes, não encontramos leitura para elas. Mesmo que falemos com o artista, ele não as sabe explicar. Gosto muito desta e tenho falado dela a muita gente e espero que venham mais pessoas visitá-la, porque é uma resposta positiva da arte moderna".

Sobre Paulo Teixeira Lopes

A vida académica de Paulo ficou marcada com a licenciatura em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), em 1989. É pós-graduado em Arte Multimédia, também pela FBAUP.

O seu percurso profissional regista a passagem pelo jornal "O Comércio do Porto", onde trabalhou como director criativo. É professor do ensino básico e secundário e formador profissional.

Ao longo da sua carreira artística tem vindo a participar em várias exposições colectivas da Cooperativa dos Artistas de Gaia (CAG), da qual chegou a ser membro da direcção. É em 2007, que realiza a sua própria exposição de fotografia. "Museu pelos meus olhos", foi, desenvolvido, no âmbito do programa "Museu vai à escola", uma iniciativa da Câmara Municipal de Gaia (CMG) e da CMTL-GDM, que marcou a entrada do pintor no mundo da fotografia. Trabalhou a nível nacional com Victor Boura Xavier e José Luís Dias na área da moda e a nível internacional com Amish Brown.

Um pouco da sua obra

Foi junto a um dos quadros de que mais gosta que fez questão de ser fotografado para esta reportagem. De seu nome "Etérium 2007", acrílico sobre tela, Paulo Teixeira Lopes pretende explicar que "Etérium é o sentido de Ser".





"Representa a nossa caminhada num mundo de esperanças, amores, torturas e todo um rol de emoções que nos atropela e faz evoluir. Neste redemoinho de cor e sentido de vidas cruzadas, determinamos o nosso destino já predestinado. Demoramos mais ou menos tempo a colhera experiência e a atingir o nosso sentido da vida. Retornamos e perdemos, mas caminhamos sempre em frente, até ao outro lado. Sei que sou duas partes de um todo. Partes tão diferentes e afastadas, mas estão dependentes uma da outra. Eu vejo e sinto. Vivo e habito este mundo de cor e emoção. Eu físico, eu espiritual."
Paulo Teixeira Lopes


Mais informações em:
http://www.pauloteixeiralopes.spaces.live.com/


Texto: Daniela Costa
Foto: Manuel Ribeiro

20 novembro, 2007

Cronobiologia: O tempo e a vida

"Cronobiologia: o tempo e a vida" foi o tema que serviu de mote para as XI Jornadas da Cooperativa dos Farmacêuticos do Norte (Cofanor), que decorreram na Casa da Música, no Porto, no passado dia 16 de Novembro.










Embora dirigida aos profissionais da área farmacêutica "Cronobiologia: o tempo e a vida", procurou debater um tema que interessa a todos: A implicação que o tempo tem no nosso dia-a-dia. Entre outras questões, o painel de convidados explicou porque é que é temos relógios internos, que ditam as horas para comer, dormir e a razão porque devemos respeitar esses relógios no sentido de prevenir o desenvolvimento de patologias como a obesidade, depressão ou mesmo o cancro.

A iniciativa contou, desta forma, com a presença de profissionais de áreas distintas com a filosofia e a medicina, passando pela economia. Isabel Renaud, professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa (UNL) e da Universidade Católica (UC) na área da Ética e Etnologia, começou por afirmar que a Filosofia "era a ciência pela qual se ficava tal e qual", no sentido de desmistificar a importância daquela área, na sociedade civil. Em declarações à Freelance News (FN) a docente afirmou que "a Filosofia reflecte o tempo que o homem vive, o tempo subjectivo e objectivo. Ela procura esclarecer conceitos como o tempo e o espaço, o tempo e o número. Procura, ainda, compreender como a vida gira entre o tempo cronológico e o tempo oportuno". Segundo a docente, “a questão do tempo é de tal forma complexa que só por si justifica a paragem para que se pense nele em conjunto".

Da Filosofia para a Medicina, Isabel Azevedo deu um contributo no que concerne ao sistema circadiano. Entre outros aspectos referiu que o desrespeito pela ritimicidade circadiana, pode causar vários tipos de perturbações: "Um desses exemplos é o Síndrome Metabólico, uma doença que atinge grande parte da população mundial e que se manifesta através de obesidade ou diabetes. De acordo com alguns estudos pensa-se que, aliada a uma alimentação desequilibrada, também os distúrbios de sono sejam dois elementos importantes no desenvolvimento desta patologia", adiantou a conferencista.

Ainda no campo da Medicina, Cristina Granja, directora da Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) do Hospital Pedro Hispano (HPH), em Matosinhos, partilhou os resultados de um estudo, que a própria efectuou. Intitulado "Qualidade de vida em Cuidados Intensivos", o estudo revelou, por exemplo, que 54% dos sobreviventes em UCI consideram ter tido noites ruidosas e mal dormidas, 17% afirmaram, ainda, que o ruído naquelas unidades provoca stress.

O painel da tarde, por sua vez, contou com a participação de João Freitas, docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). O cardiologista e mestre em Medicina Desportiva, deu a conhecer a Cronobiologia cardiovascular na homeostasia e na doença.

Uma outra visão do tempo foi dada por Artur Santos Silva, Presidente do Conselho de Administração do Banco Português do Investimento (BPI) que, por seu lado, se encarregou da relação entre tempo e economia.

Por fim, tomaram lugar as doenças psiquiátricas e os ritmos endógenos, pela mão de Rui Mota Cardoso, psiquiatra e coordenador da Unidade de Educação Contínua e Difusão Cientifica do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP).

A organização
A Cofanor é uma empresa distribuidora de produtos farmacêuticos, sediada no norte do país. As primeiras jornadas desta instituição remontam a 1996. Mais tarde, em 2002 e fruto da parceria com a UP, viria a tornar-se na primeira empresa privada a organizar Pós-Graduções com uma entidade pública.

Organizadas anualmente, as “Jornadas Cofanor” receberam, em edições anteriores, nomes como Júlio Machado Vaz, Marcelo Rebelo de Sousa, Agustina Bessa-Luís e Daniel Serrão, este último é já um repetente, tendo estado, presente também na edição deste ano.

Texto: Daniela Costa
Fotos: Manuel Ribeiro

06 novembro, 2007

Capsula ao vivo no Porto

A banda argentina Capsula, esteve pela primeira vez em Portugal, no passado Sábado, dia 3 de Novembro.





O Plano B, bar da baixa portuense, foi o palco escolhido para a apresentação do último álbum de originais do dueto oriundo de Buenos Aires, na Argentina. Ele, Martin Guevara ocupa-se da voz e da guitarra, ela, Coni L. da voz e do baixo.
Intitulado "Songs & Circuits", o seu mais recente disco foi gravado em Bilbau, cidade onde residem. A sua produção esteve a cargo de Greg Calbi, também produtor de David Bowie, Sonic Youth, Television e The Raveonettes.

A Freelance News (FN) teve oportunidade de entrevistar a banda, entre "portuñhol" e inglês, na tentativa de saber mais sobre a carreira e sobre sua digressão europeia.


Freelance News (FN) - Como está a ser a vossa primeira passagem por Portugal?
Coni L. (CL) -
Está a ser fantástica, é a primeira vez que estamos aqui e já muita gente nos tinha dito para virmos a Portugal, conhecer as pessoas e agora estamos encantados...
Martin Guevara (MG) - Portugal é precioso, é muito interessante, está a supreender-nos e queremos voltar muitas vezes!


(FN) - Antes de virem para o Porto estiveram em Évora, como correu?
(MG) -
Incrível..as pessoas são muito efusivas...
(CL) - Na verdade tinham-nos advertido para o facto de as pessoas serem um pouco mais..não sei se frios ou fechados...
(MG) - Mas têm uma magia especial...


(FN) - Depois da tour europeia rumam para onde?
(CL) -
Na semana que vem vamos para Paris, depois partimos para um festival no Chile e para a Argentina, depois regressamos a Espanha, mais tarde, vamos à Noruega, Inglaterra,...
(MG) - Lançamos o CD em Novembro do ano passado e a tourné começou de imediato, desde então não temos tido um único fim de semana livre. Andamos muito por França, Alemanha, Holanda, Espanha,...aliás moramos em Bilbau...


(FN) - Como é que isso aconteceu? Estavam na Argentina e vieram parar a Portugal...
(MG) -
Foi bastante curioso...tudo começou em 1998, quando fomos a Londres para tocar, andamos muito por lá...
(CL) - Depois partimos para Berlim, na Alemanha, e começamos a precisar de um sitio para gravar...um sitio fixo.
(MG) - Ficávamos dois meses aqui, dois ali, mas em nenhum local especifico, quando surgiu Bilbau e decidimos ficar por ali. É um ponto muito estratégico, está muito perto de França, Bordéus por exemplo, fica apenas a 3 horas de carro.


(FN) - Bilbau passou então a funcionar como uma base?
(MG) -
Sim, exacto...foi lá que acabamos a gravação do nosso disco. As gravações começaram quando ainda estávamos em tourné, mas a nossa discográfica, deu-nos um mês para o acabarmos...

(FN) - Este não é o vosso primeiro trabalho, certo?
(MG) -
Os outros álbuns que editamos eram outras produções...
(CL) - Sim, não é o primeiro. Já tínhamos editado três álbuns na Argentina. O presente albúm, lançamos na Inglaterra e na Espanha, estamos ainda, a apresentá-lo na Irlanda, Alemanha,França, ... por sorte está a ser muito bem recebido, temos tido concertos muito enérgicos!


(FN) - Os Capsula são só vocês?
(CL) -
Sim, somos só nós, mas às vezes tocamos com um baterista humano. Outras vezes, dependendo das salas e dos cenários trabalhamos com as máquinas.
(MG) - Nesta tourné estamos a experimentar o que podemos chamar de 'high speed' , com as máquinas, isto porque queremos atingir outro tipo de público, o de baile ou electrónico, sobretudo..
(CL) - Desde o ínicio que somos dois elementos e que trabalhamos com as máquinas,...


(FN) - Como definiriam o vosso estilo de música?
(MG) -
Selvagem. É como algo elegantemente selvagem, é muito enérgica, tentamos chegar às pessoas antes mesmo de nos satisfazermos a nós próprios (...)
(CL) - O nosso estilo também está muito relacionado com as influencias das bandas que ouvimos toda a nossa vida, que no meu caso são, essencialmente, os grupos clássicos, dos anos 60, desde pequena que ouvia muito Velvet Underground, The Jesus & Mary Chain, The Cure, o Martin, por sua vez já tem uma influencia mais britânica...
(MG) - Sim, dos nossos avós os David Bowie, Rolling Stones, ... (risos)


(FN) - O facto de terem passado por vários países tem influenciado o vosso estilo de música?
(CL) -
Na verdade, é que quando estás em digressão estás em contacto com outros grupos com os quais fazes concertos então acabam sempre por te influenciar...
(MG) - Da mesma forma que nós também influenciamos outros grupos, é como dar algo e trazer algo em troca...certamente que isso também vai acontecer com grupos portugueses.


(FN) - Conhecem algum grupo português?
(MG) -
Sim, há muitos grupos portugueses a tocar em Espanha, os The Gift, X-Wife, The Parkinsons...por acaso há dois anos conhecemos os The Parkinsons em Londres, se não me engano eram de Coimbra, estavam a ter muito sucesso por lá...


(FN) - Ao longo da vossa digressão têm sido cabeças de cartaz ou feito as primeiras partes de outros grupos?
(MG) -
Um pouco das duas...tocamos em festivais, por exemplo, onde há vários grupos...mas nesses casos preferimos estar na primeira fila a vê-los! (risos) Gostamos muito de ir a concertos...


(FN) - Quando acabarem a vossa tourné o que estão a pensar fazer?
(CL) -
Temos muitos concertos até Dezembro, e em principio teremos que começar a gravar o próximo disco que sairá em Fevereiro de 2008, aproximadamente...
(MG) - Temos estado em contacto com a nossa editora em Madrid que nos tem dito para começarmos a trabalhar no próximo disco...


(FN) - Por falar em editoras e uma vez que os Capsula têm uma página no My Space, estão a pensar em partir definitivamente para o mercado digital, à semelhança do que fizeram alguns outros grupos?
(MG) - Não, o My Space, funciona como uma estratégia de marketing impressionante, mas para se abandonar uma editora têm que ser grupos mundialmente conhecidos...
(CL) - E nós temos uma boa relação com a nossa editora, uma relação de amizade...
(MG) - Sim, é um trabalho de ombro, com ombro...


(FN) - E se um dia ouvires a tua música pirateada na Internet, qual seria a reacção?
(MG) -
As canções que estão no nosso My Space , por exemplo, fazem-nos chegar a sítios onde nunca estivemos e a locais onde as nossas músicas não passam nas rádios, damos-nos conta que as pessoas as conhecem e isso é fantástico...é um meio incrível de promoção!


(FN) - O trabalho que vão lançar em 2008, será lançado só na Europa?
(CL) -
O álbum actual foi editado em Espanha e Inglaterra, mas temos planos para abri-lo a outros países da Europa e da América do Sul...
(MG) - Bem...primeiro é preciso trabalhá-lo! (risos)...Mas na verdade, também já estabelecemos alguns contactos no sentido de podermos lançá-lo nos Estados Unidos da América (EUA), Canadá e no Japão. Mas será um lançamento independente...


(FN) - Além deste, têm outros projectos que queiram partilhar?
(MG) -
De momento estamos muito centrados na tourné dos Capsula (...)
(CL) - É o que fazemos desde de que nos levantamos até que nos deitamos (risos)
(MG) - Mas claro que um dia gravaremos os nosso disco acústico (risos)


(FN) - São frequentemente comparados a bandas como os The White Stripes, como reagem a essas comparações?
(MG) - A reacção é boa, porque nos comparam a grupos bons, se nos compararem a grupos de que não gostamos seria horrível (risos) ...Mas por sorte são grupos de que gostamos e com os quais compartilhamos as mesma influências ...O rock é algo que se está sempre a re-inventar, não queremos que seja algo morto, nem queremos ter rivais, queremos que o rock se re-invente a cada dia e que cada um vá dando o seu contributo, queremos ser um pequeno elo dessa cadeia, pelo menos é o que tentamos (...)


(FN) - Martin, agora que estamos mesmo a finalizar e apenas por curiosidade, o teu sobrenome Guevara está ligado a Che?
(MG) -
Que eu saiba não...ou talvez sim, mas não sei como estamos ligados, ele era de uma família muito rica, eu não! (risos)


(FN) - Então como te apresentas? Só como Martin?
(MG) -
Sim, só Martin, mas estou orgulhoso por ter esse nome de família (risos) ... pobre Che Guevara está estampado em tudo o que é t-shirt ...(risos)

Dada como encerrada a entrevista, a banda revelou o interesse em voltar a Portugal, quem sabe para festivais de Verão, chegaram mesmo a referir o Festival Paredes de Coura, como um dos que lhes chama a atenção. Até lá, podemos ouvi-los em :http://www.myspace.com/capsulaorg.

Mais info-capsulas em:
www.capsula.org



Texto/Entrevista: Daniela Costa/ Manuel Ribeiro
Fotos: Manuel Ribeiro

02 novembro, 2007

Seu Jorge em concerto no Porto: Rítmos brasileiros na Casa da Música

A Casa da Música (CdM) recebeu, ontem, 1 de Novembro, "Seu Jorge" (SJ) e a sua banda de 18 elementos.





A actuação esgotou a "Sala Suggia" da CdM exigindo assim a repetição do espectáculo para 7 de Novembro, no mesmo espaço. Em 3 horas de concerto, o artista teve a oportunidade de revisitar êxitos antigos como "Problema Social" e, também, de apresentar o seu mais recente albúm, "América Brasil".


Um problema inicial com o violão que parecia não querer colaborar com o artista, não o impediu de improvisar, começando por falar da sua vinda a Portugal. Nos breves momentos que intercalaram a solução da falha técnica, Jorge explicou que antes de vir para Portugal esteve em digressão por todo o Brasil, a promover esse mesmo álbum dedicado ao povo brasileiro.

O cantor começou com temas mais calmos e à medida que ia apresentando novos temas, ia solicitando a presença de novos artistas, no palco. Ao fim da quarta música chama, um por um, os membros da banda que o acompanhariam até ao fim do espectáculo. Adriano Trindade e Claudinho Andrade são apenas dois dos músicos que responderam à chamada. As segundas vozes são também convidadas a entrar. Surgem então, mais oito elementos que além de cantarem, interpretam várias coreografias. Pandeireta, bateria, coros, entre outros, compuseram, assim, um total de 19 músicos em palco. A multiplicidade de instrumentos revelar-se-ia na mistura de sonoridades tão variadas como o funk, o soul, o pop e o tipicamente brasileiro, samba.

Se dúvidas tivéssemos de que "América Brasil" era dedicado ao povo brasileiro, elas, certamente, desvanecer-se-iam à medida que ouvíamos temas sobre a chegada de Portugal ao Brasil, a situação do povo índio, ou mesmo do desemprego das grandes cidades. Expressões como "o índio foi queimado vivo" ou "o índio foi mandado morar na favela do Rio" falam por si. Um desses exemplos é o tema "Trabalhador", uma espécie de homenagem a todos os trabalhadores de todas as profissões, do pedreiro ao engenheiro.

Após uma hora e meia de concerto, o fim parece estar próximo. Contudo, a sala esgotada pede mais. Tendo sido feitas as suas vontades Jorge regressa ao palco por mais uma hora, onde nos brindou com surpresas e mais surpresas. A primeira delas estava reservada para Luís Carlinhos, artista brasileiro que reside actualmente em Portugal, onde trabalha como actor. O também cantor, foi convidado por "Seu Jorge" a subir ao palco para cantar com dois dos seus músicos.

A segunda surpresa da noite aconteceu, quando, nos últimos minutos do espectaculo SJ funde
plateia e palco num só. Chama mais uma vez a si, não todos os músicos que o acompanharam ao longo da noite mas os fãs que se juntaram aos artistas, no palco, afim de darem seguimento ao enorme ambiente de festa criado no final do espectáculo que terminou com um "muito obrigado Porto, fiquem com Deus", proferido pelo cantor.

Para quem não teve a oportunidade de assistir ao vivo ao concerto de Seu Jorge, para dia 7 está prometido um remake!

Mais informações em:
- SeuJorge
- Casa da Música

Texto: Daniela Costa
Fotos: Manuel Ribeiro