20 novembro, 2007

Cronobiologia: O tempo e a vida

"Cronobiologia: o tempo e a vida" foi o tema que serviu de mote para as XI Jornadas da Cooperativa dos Farmacêuticos do Norte (Cofanor), que decorreram na Casa da Música, no Porto, no passado dia 16 de Novembro.










Embora dirigida aos profissionais da área farmacêutica "Cronobiologia: o tempo e a vida", procurou debater um tema que interessa a todos: A implicação que o tempo tem no nosso dia-a-dia. Entre outras questões, o painel de convidados explicou porque é que é temos relógios internos, que ditam as horas para comer, dormir e a razão porque devemos respeitar esses relógios no sentido de prevenir o desenvolvimento de patologias como a obesidade, depressão ou mesmo o cancro.

A iniciativa contou, desta forma, com a presença de profissionais de áreas distintas com a filosofia e a medicina, passando pela economia. Isabel Renaud, professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa (UNL) e da Universidade Católica (UC) na área da Ética e Etnologia, começou por afirmar que a Filosofia "era a ciência pela qual se ficava tal e qual", no sentido de desmistificar a importância daquela área, na sociedade civil. Em declarações à Freelance News (FN) a docente afirmou que "a Filosofia reflecte o tempo que o homem vive, o tempo subjectivo e objectivo. Ela procura esclarecer conceitos como o tempo e o espaço, o tempo e o número. Procura, ainda, compreender como a vida gira entre o tempo cronológico e o tempo oportuno". Segundo a docente, “a questão do tempo é de tal forma complexa que só por si justifica a paragem para que se pense nele em conjunto".

Da Filosofia para a Medicina, Isabel Azevedo deu um contributo no que concerne ao sistema circadiano. Entre outros aspectos referiu que o desrespeito pela ritimicidade circadiana, pode causar vários tipos de perturbações: "Um desses exemplos é o Síndrome Metabólico, uma doença que atinge grande parte da população mundial e que se manifesta através de obesidade ou diabetes. De acordo com alguns estudos pensa-se que, aliada a uma alimentação desequilibrada, também os distúrbios de sono sejam dois elementos importantes no desenvolvimento desta patologia", adiantou a conferencista.

Ainda no campo da Medicina, Cristina Granja, directora da Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) do Hospital Pedro Hispano (HPH), em Matosinhos, partilhou os resultados de um estudo, que a própria efectuou. Intitulado "Qualidade de vida em Cuidados Intensivos", o estudo revelou, por exemplo, que 54% dos sobreviventes em UCI consideram ter tido noites ruidosas e mal dormidas, 17% afirmaram, ainda, que o ruído naquelas unidades provoca stress.

O painel da tarde, por sua vez, contou com a participação de João Freitas, docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). O cardiologista e mestre em Medicina Desportiva, deu a conhecer a Cronobiologia cardiovascular na homeostasia e na doença.

Uma outra visão do tempo foi dada por Artur Santos Silva, Presidente do Conselho de Administração do Banco Português do Investimento (BPI) que, por seu lado, se encarregou da relação entre tempo e economia.

Por fim, tomaram lugar as doenças psiquiátricas e os ritmos endógenos, pela mão de Rui Mota Cardoso, psiquiatra e coordenador da Unidade de Educação Contínua e Difusão Cientifica do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP).

A organização
A Cofanor é uma empresa distribuidora de produtos farmacêuticos, sediada no norte do país. As primeiras jornadas desta instituição remontam a 1996. Mais tarde, em 2002 e fruto da parceria com a UP, viria a tornar-se na primeira empresa privada a organizar Pós-Graduções com uma entidade pública.

Organizadas anualmente, as “Jornadas Cofanor” receberam, em edições anteriores, nomes como Júlio Machado Vaz, Marcelo Rebelo de Sousa, Agustina Bessa-Luís e Daniel Serrão, este último é já um repetente, tendo estado, presente também na edição deste ano.

Texto: Daniela Costa
Fotos: Manuel Ribeiro

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