Cerca de uma hora de viagem separam o aeroporto de Standsted a Liverpool Street - no centro da capital inglesa.
Uma vez chegados a uma das principais artérias de Londres, colocam-se de lado malas e bagagens. Mapas em punho, rumo à estação de metro mais próxima para encontrar aquele que seria o nosso maior companheiro de sete dias de viagem: O Oyster Card, com um custo de 22 £, permite-nos viajar de metro e autocarro nas principais ruas da cidade, de Nothing Hill a Piccadilly, de Trafalgar Square a Convent Garden.
Vermelho, de dois andares, volante à direita: "Olá eu sou um autocarro londrino!". Primeira paragem, primeira visita: Bankside, margem sul do Tamisa, chega-se ao Shakespeare´s Globe. Tal como nos foi dito por uma guia no local, trata-se da maior exposição dedicada a Shakespeare, à escala mundial. Na Londres, onde viveu e trabalhou, ergueu-se uma homenagem em forma de teatro que remonta a 1599 para o ver nascer, chegou mesmo a sofrer um incêndio que fez perder parte do tecto e que viria a ser reconstruído nos anos 90 do século XX. Ainda assim, é através daquele local que regressamos a um passado em que Bankside era a capital do entretenimento londrino. Foi-nos permitido assistir a parte do ensaio de uma peça do romancista, num auditório constituído por um palco em madeira, com extensão até junto do público. Pouco tempo depois, acaba-se a primeira visita com compras de souvenirs, na loja do Globe, tiram-se umas fotografias e obtém-se a panorâmica do imponente edifício.
A aventura prossegue, rumo ao Tate Modern.
Em poucas palavras, pode dizer-se que é o centro da arte contemporânea. Pelos seus sete pisos espalham-se colecções, exibições, lojas de souvenirs e uma zona de restauração. A maior parte das exposições estão abertas ao público gratuitamente, contudo, algumas são pagas, dependendo do seu carácter. "Photographing Britain" é uma das exposições patentes. Por 7.50£ podemos conhecer a evolução da fotografia britânica ao longo dos tempos, desde os trabalhos pioneiros aos mais recentes, marcados pela presença das novas tecnologias.
Vagueando pelo edifício encontramos "Dali & Film", retrato da vida e sobretudo da obra de Salvador Dali. Do artista espanhol podemos conhecer 100 trabalhos que vão desde as pinturas, aos desenhos, às fotografias e aos filmes, nos quais colaborou. A visita à exposição, que resultou de uma parceria da Fundação espanhola “Gala - Salvador Dali” com o “Tate Modern”, decorreu cerca de hora e meia e, para os amantes do Surrealismo, foi uma boa forma de complementar a visita à exposição de Dali, que esteve patente no Palácio do Freixo, no Porto.
Deixando a Arte para trás, atravessamos a pé uma das várias pontes sobre o Tamisa.
A Millemium Bridge leva-nos imediatamente a St Paul's Cathedral. Criada por Sir Christopher Wren, no século XVII, nela decorrem anualmente concertos, debates e eventos educacionais e artísticos. Segundo um prospecto gentilmente cedido pelo gabinete de imprensa local, a estrutura tem sido alvo de restauros nos últimos cinco anos. A entrada custa 3,00 £ para os adultos e 1.00£ para crianças com menos de 16 anos e permite aos mais corajosos, subir umas boas centenas de degraus até ao topo da catedral. A aventura pode custar para alguns a desistência e muitas garrafas de água consumidas, para outros, os resistentes, fica-lhes reservada uma vista única sobre a capital. Do topo vislumbra-se a London Eye, as pontes sobre o Tamisa, o Tate Modern, as Casas do Parlamento, etc..
A matriz de S.Paulo é, igualmente, conhecida por ser a primeira catedral inglesa a ser construída ainda em vida do seu arquitecto.
Dia 2 : o museu de cera Madame Tussauds.
Ao fim de hora e meia de espera para pagar, revistar – por motivos de segurança – entramos no museu das celebridades. Madonna recebe-nos de imediato. Mais loira do que nunca, sentada numa poltrona com um fato de cabedal ...lá está ela! Brad Pitt e a sua Angelina Joli, o Papa João Paulo II, Elvis Presley, o casal Beckham, David e Vitoria, José Mourinho e até o ditador cubano Fidel Castro, estão eternizados neste museu. Além das imagens em cera, tivemos também direito a uma sessão de terror, protagonizada por actores que interagiam directamente com o público. Caveiras que caem do tecto, esqueletos que parecem ganhar vida e alguns outros mimos, valeram uns gritos e algumas tentativas de fuga.
Se for a Londres e perguntar por uma roda de 135 metros de altura com vista sobre toda a cidade a resposta será unânime: London Eye (LE), o destino seguinte da nossa jornada.
Como o nome indica, o London Eye é o olho da capital inglesa. Trata-se de uma roda criada pelo casal David Marks e Julia Barfield. Ambos arquitectos conseguiram catalisar, em 2005, o apoio da British Airways, que se tornou no seu patrocinador oficial. Por isso se ouvir falar de British Airways London Eye, não há margem para enganos!
Com 32 cabines independentes, a roda demora 30 minutos a girar e em cada uma das suas paragens, podemos ver os edifícios mais emblemáticos de Londres. A Norte avistamos Convent Garden e o Palácio Alexander, a Sul a Abadia de Westminster e o Big Ben. Na zona Este encontramos a grande concorrente do London Eye, a Catedral de S. Paulo e a Oeste a Trafalgar Square e o Palácio de Buckingham.
Paralelamente à sua função de "olho sobre Londres" a estrutura tem vindo a receber um vasto numero de eventos, nomeadamente as comemorações das passagens de ano. Tal como nos avançou um dos seus responsáveis no local, o LE é considerado um símbolo de modernidade tendo recebido, até à data, 65 prémios, que o destacam como ícone turístico, nacional e internacional. A qualidade arquitectónica, a inovação e a acessibilidade a pessoas incapacitadas têm sido os seus triunfos em matéria de prémios.
O "jogar às escondidas" entre sol e chuva fez-nos ver, lá do alto, Londres com algumas gotas, mas nem por isso o "olho" perdeu o seu prestígio. De qualquer das formas, se for a Londres, pode sempre sugerir à administração do LE a colocação de uns bons para-brisas!
O universo de Dali é ali mesmo ao lado. É para lá que seguimos.
Se lhe parece que já leu algo sobre Dali, nesta crónica de viagem, não está de todo errado. Nem você, nem eu. Além da exposição no Tate, outro espaço, também ele junto ao Tamisa, alberga o trabalho do artista catalão. Intitulado Dali Universe, mais uma vez a designação fala por si. A designação e a frase de boas vindas do museu "O Surrealismo sou eu", que como não poderia deixar de ser é da autoria de Dali.
Desta vez, pouco ficamos a saber sobre a sua vida, ao contrário do que acontece com a sua obra. Às suas pinturas surrealistas, juntamos a maior exposição de esculturas de Dali, à escala mundial, num total de 500 trabalhos do surrealista. De lamentar apenas o facto de não nos ter sido permitido fotografar o espaço.
A última manhã em Londres levou-nos à estação televisiva mais famosa do planeta, a BBC.
Habituados a receber visitas de todos os cantos do mundo, não deixaram, contudo, passar em branco o facto de sermos portugueses, a terra onde desapareceu Maddy, a criança inglesa.
Levaram-nos a conhecer alguns dos estúdios mais famosos do canal. Visitamos a sala de redacção onde trabalham. Foi-nos contado o famoso segredo para a apresentação do boletim metereológico... mas não o podemos revelar, não porque nos tenha sido pedido sigilo, mas porque se o fizéssemos deixava de ser segredo!
Contudo, há outras coisas interessantes que podemos partilhar, como por exemplo sermos conduzidos dentro do edifício por uma guia, que era, também, cantora! A mesma que afirmou, em nome da BBC, a indisponibilidade para receber novamente artistas como Jenniffer Lopez. E então porquê? - perguntamos nós - Porque entre outros motivos, a artista deslocou-se com um infindável leque de staff no canal, chegando mesmo a levar um técnico para a cosmética do lado esquerdo da cara e um outro para o lado direito. A sua presença no referido canal foi de tal forma dificultada por este tipo de burocracias que o mesmo prefere deslocar-se a um local à escolha da cantora, da próxima vez que a tiverem que entrevistar.
Em Londres tudo tem uma particularidade. A BBC não fugiu à regra. Para visitarmos aquele universo, tivemos de pagar com cartão de crédito, não aceitaram nenhuma outra forma de pagamento.
Fim da última visita, estava na hora de regressar. A vontade não era muita, não que a viagem de Londres a Standsted seja exageradamente longa, mas porque partimos na melhor altura, a altura em que estávamos a aprender a ser londrinos e em que curiosamente, ou não, estávamos a gostar!
As particularidades de Londres
Se o lixo no chão o incomoda, Londres é o destino certo para curar essa fobia. Um pouco por todo o lado há papeis e restos de comida espalhadas pelo chão, até no metro, onde volta e meia se vêem varredores a recolher o que sobrou do pequeno-almoço ou do almoço nas carruagens.
Falando em pequeno-almoço, junte um prato de salsichas, uma fatia de bacon, meia dúzia de feijões, torradas e, dependendo dos estômagos mais ou menos sensíveis, chá ou leite. Aqui tem a típica formula com que os londrinos começam o dia. Os preços variam, mas pouco, rodando cada um destes kits as 5£ ou 6£. Os paladares vegetarianos não são deixados de parte, e rondam, também as 6£.
Continuando pela gastronomia inglesa, se é apreciador de doces, não deixe de provar os tradicionais muffins. Estão por todo o lado, na pastelaria fina ou na feira de Portobello, os muffins, fazem parte do dia-a-dia londrino. Com pedaços de amoras, com aroma a limão ou simplesmente pintalgados de chocolate, há destes queques para todos os gostos.
Dos "comes" para os "bebes", Londres é também conhecida pela variedade de chás. Por pouco mais de 2£ é possível adquirir um pacote 40g. Os sabores vão desde os mais tradicionais, como o de limão, ao de frutos vermelhos ou misturas exóticas. Na baixa, em Piccadilly, há mesmo uma loja onde se dividem por dois andares os mais variados tipos de chá e respectivos acessórios.
E se fôssemos jantar ...
... à China?
Piccadilly é o centro de tudo! Lojas de chás, espaços esotéricos, lojas de Sushi e Sashimi e até Chinatown é um desses exemplos!
Se pensa que me refiro a lojas de chineses que se multiplicam desgovernadamente pelo coração da baixa londrina, desengane-se! Chinatown ocupa apenas algumas ruas no coração de Piccadilly, uma porta vermelha assinala a entrada em território asiático. Esquerda ou direita o destino é semelhante: a China! Restaurantes de comida típica, cafés, bares, supermercados,...também o país dos olhos em bico parece ter-se mudado para lá!
Sem duvida uma cidade multicultural
Além de Chinatown, temos o passageiro português que viaja de autocarro numa sexta feira, regressado de uma noitada - a moçambicana – e trabalha na caixa de um supermercado, o italiano que cozinha pasta num restaurante de Piccadilly ou o angolano que conduz o autocarro. Londres, é sem dúvida um mundo de culturas, ou em inglês puro um "melting pot".
O humor britânico
Não é mito urbano. Existe e recomenda-se! Num dos últimos dias, um pouco perdidos em direcção a Trafalgar Square, passamos - por acaso - à porta de um centro comercial que, com o típico humor, assinalava na porta "Aberto, como de costume".
Numa outra altura, um pouco mais relaxada em que bebíamos um iogurte natural, reparamos na sua composição que no fim dizia "...E se não cumprirmos os requisitos que mencionamos atrás, podem sempre chamar os vossos pais!". (um à parte...não se tratava de um alimento especialmente dedicado a crianças!).
Aspectos positivos
Há muita segurança: mas a polícia não actua de forma persuasiva mas sim educativa e de entre-ajuda para com os habitantes e turistas;
Seis pessoas de visita a Londres, por sete dias, nenhuma, em momento algum viu um animal abandonado na rua. (salvo o rato no caixote do lixo da vizinha em Old Kent Road!)
Os horários dos autocarros: passam com bastante frequência, raramente se espera mais do que 10 minutos por um "vermelhinho de dois andares", pelo menos durante o dia, à noite a história é outra, contudo, quase sempre pontuais!
Aspectos negativos
A poluição nas ruas, a consequente (ou menos aparente) despreocupação por parte de autoridades e habitantes.
Se for a Londres...
...Não abandone em momento algum as suas carteiras, malas ou sacos, corre o risco de passar por um suposto terrorista...há avisos espalhados por tudo o que é local público!
... não tente encontrar uma agulha num palheiro, os caixotes do lixo são praticamente inexistentes, (segundo apuramos junto de alguns londrinos, por motivos de segurança),
... não pare no lado esquerdo das escadas rolantes, se em Portugal o aviso "circule pela direita" é um pedido em Londres é uma ordem! Digamos que é uma espécie de equivalente da "Via Verde" nas estradas portuguesas, mas na versão "escada rolante",
... Olhe sempre muito bem para ambos os lados antes de atravessar a rua, não se esqueça que em Inglaterra a circulação é feita pela direita!
... Se pretende visitar o Madame Tussauds vá “equipado” com paciencia e farnel, a espera é longa, mesmo em horas de almoço. O ideal é fazer a pré-reserva on-line, lembre-se, contudo, que mais pessoas além de si tiveram a mesma ideia, pelo que a fila para estes casos não é tão extensa, mas recomendam-se, também algumas doses de paciência e para os mais famintos uma ou outra sandwich.
... Prepare-se para ser revistado em praticamente todos os museus, monumentos e galerias que visitar...(mais uma vez por razões de segurança!)
...se pertencer à imprensa e quiser visitar a Torre de Londres: leve o portátil e Internet sem fios. Para ser recebido pelo gabinete de imprensa, terá de enviar um e-mail primeiro, pessoalmente não o atendem, mesmo que estejam lá!O melhor de tudo...têm humor britanico suficiente para o admitir!
...Se precisar de alguma informação o ideal é procurar um agente policial, afinal eles estão por todo o lado e dispõem de todo o tipo de informações: mapas da cidade, horários dos transportes públicos, etc.
... Não se admire de ver os bares fechados à 1h da manhã, afinal eles já estão abertos desde as 17h30!
... Traga consigo alguns trocos no bolso para doar aos museus, eles são quase todos de acesso gratuito, mas na entrada todo o visitante é convidado a dar uma pequena ajuda...
... Nunca confie num horário de funcionamento de qualquer edifício público. Se lhe dizem que fecha às 17h30, implica que às 17h seja praticamente forçado a sair (o Museu de Ciência é um desses exemplos).
... Se quer ir ver um musical não perca tempo a comprar bilhetes pela Internet, não esgotam assim com tanta facilidade e em Piccadilly arranjará certamente mais barato, se não por metade do preço.
... Se pedir um café, acrescente sempre "expresso" caso contrário apresentar-lhe-ão uma meia de leite equivalente a 4 ou 5 chávenas de café!
por Daniela Costa
Uma vez chegados a uma das principais artérias de Londres, colocam-se de lado malas e bagagens. Mapas em punho, rumo à estação de metro mais próxima para encontrar aquele que seria o nosso maior companheiro de sete dias de viagem: O Oyster Card, com um custo de 22 £, permite-nos viajar de metro e autocarro nas principais ruas da cidade, de Nothing Hill a Piccadilly, de Trafalgar Square a Convent Garden.
Vermelho, de dois andares, volante à direita: "Olá eu sou um autocarro londrino!". Primeira paragem, primeira visita: Bankside, margem sul do Tamisa, chega-se ao Shakespeare´s Globe. Tal como nos foi dito por uma guia no local, trata-se da maior exposição dedicada a Shakespeare, à escala mundial. Na Londres, onde viveu e trabalhou, ergueu-se uma homenagem em forma de teatro que remonta a 1599 para o ver nascer, chegou mesmo a sofrer um incêndio que fez perder parte do tecto e que viria a ser reconstruído nos anos 90 do século XX. Ainda assim, é através daquele local que regressamos a um passado em que Bankside era a capital do entretenimento londrino. Foi-nos permitido assistir a parte do ensaio de uma peça do romancista, num auditório constituído por um palco em madeira, com extensão até junto do público. Pouco tempo depois, acaba-se a primeira visita com compras de souvenirs, na loja do Globe, tiram-se umas fotografias e obtém-se a panorâmica do imponente edifício.
A aventura prossegue, rumo ao Tate Modern.
Em poucas palavras, pode dizer-se que é o centro da arte contemporânea. Pelos seus sete pisos espalham-se colecções, exibições, lojas de souvenirs e uma zona de restauração. A maior parte das exposições estão abertas ao público gratuitamente, contudo, algumas são pagas, dependendo do seu carácter. "Photographing Britain" é uma das exposições patentes. Por 7.50£ podemos conhecer a evolução da fotografia britânica ao longo dos tempos, desde os trabalhos pioneiros aos mais recentes, marcados pela presença das novas tecnologias.
Vagueando pelo edifício encontramos "Dali & Film", retrato da vida e sobretudo da obra de Salvador Dali. Do artista espanhol podemos conhecer 100 trabalhos que vão desde as pinturas, aos desenhos, às fotografias e aos filmes, nos quais colaborou. A visita à exposição, que resultou de uma parceria da Fundação espanhola “Gala - Salvador Dali” com o “Tate Modern”, decorreu cerca de hora e meia e, para os amantes do Surrealismo, foi uma boa forma de complementar a visita à exposição de Dali, que esteve patente no Palácio do Freixo, no Porto.
Deixando a Arte para trás, atravessamos a pé uma das várias pontes sobre o Tamisa.
A Millemium Bridge leva-nos imediatamente a St Paul's Cathedral. Criada por Sir Christopher Wren, no século XVII, nela decorrem anualmente concertos, debates e eventos educacionais e artísticos. Segundo um prospecto gentilmente cedido pelo gabinete de imprensa local, a estrutura tem sido alvo de restauros nos últimos cinco anos. A entrada custa 3,00 £ para os adultos e 1.00£ para crianças com menos de 16 anos e permite aos mais corajosos, subir umas boas centenas de degraus até ao topo da catedral. A aventura pode custar para alguns a desistência e muitas garrafas de água consumidas, para outros, os resistentes, fica-lhes reservada uma vista única sobre a capital. Do topo vislumbra-se a London Eye, as pontes sobre o Tamisa, o Tate Modern, as Casas do Parlamento, etc..
A matriz de S.Paulo é, igualmente, conhecida por ser a primeira catedral inglesa a ser construída ainda em vida do seu arquitecto.
Dia 2 : o museu de cera Madame Tussauds.
Ao fim de hora e meia de espera para pagar, revistar – por motivos de segurança – entramos no museu das celebridades. Madonna recebe-nos de imediato. Mais loira do que nunca, sentada numa poltrona com um fato de cabedal ...lá está ela! Brad Pitt e a sua Angelina Joli, o Papa João Paulo II, Elvis Presley, o casal Beckham, David e Vitoria, José Mourinho e até o ditador cubano Fidel Castro, estão eternizados neste museu. Além das imagens em cera, tivemos também direito a uma sessão de terror, protagonizada por actores que interagiam directamente com o público. Caveiras que caem do tecto, esqueletos que parecem ganhar vida e alguns outros mimos, valeram uns gritos e algumas tentativas de fuga.
Se for a Londres e perguntar por uma roda de 135 metros de altura com vista sobre toda a cidade a resposta será unânime: London Eye (LE), o destino seguinte da nossa jornada.
Como o nome indica, o London Eye é o olho da capital inglesa. Trata-se de uma roda criada pelo casal David Marks e Julia Barfield. Ambos arquitectos conseguiram catalisar, em 2005, o apoio da British Airways, que se tornou no seu patrocinador oficial. Por isso se ouvir falar de British Airways London Eye, não há margem para enganos!
Com 32 cabines independentes, a roda demora 30 minutos a girar e em cada uma das suas paragens, podemos ver os edifícios mais emblemáticos de Londres. A Norte avistamos Convent Garden e o Palácio Alexander, a Sul a Abadia de Westminster e o Big Ben. Na zona Este encontramos a grande concorrente do London Eye, a Catedral de S. Paulo e a Oeste a Trafalgar Square e o Palácio de Buckingham.
Paralelamente à sua função de "olho sobre Londres" a estrutura tem vindo a receber um vasto numero de eventos, nomeadamente as comemorações das passagens de ano. Tal como nos avançou um dos seus responsáveis no local, o LE é considerado um símbolo de modernidade tendo recebido, até à data, 65 prémios, que o destacam como ícone turístico, nacional e internacional. A qualidade arquitectónica, a inovação e a acessibilidade a pessoas incapacitadas têm sido os seus triunfos em matéria de prémios.
O "jogar às escondidas" entre sol e chuva fez-nos ver, lá do alto, Londres com algumas gotas, mas nem por isso o "olho" perdeu o seu prestígio. De qualquer das formas, se for a Londres, pode sempre sugerir à administração do LE a colocação de uns bons para-brisas!
O universo de Dali é ali mesmo ao lado. É para lá que seguimos.
Se lhe parece que já leu algo sobre Dali, nesta crónica de viagem, não está de todo errado. Nem você, nem eu. Além da exposição no Tate, outro espaço, também ele junto ao Tamisa, alberga o trabalho do artista catalão. Intitulado Dali Universe, mais uma vez a designação fala por si. A designação e a frase de boas vindas do museu "O Surrealismo sou eu", que como não poderia deixar de ser é da autoria de Dali.
Desta vez, pouco ficamos a saber sobre a sua vida, ao contrário do que acontece com a sua obra. Às suas pinturas surrealistas, juntamos a maior exposição de esculturas de Dali, à escala mundial, num total de 500 trabalhos do surrealista. De lamentar apenas o facto de não nos ter sido permitido fotografar o espaço.
A última manhã em Londres levou-nos à estação televisiva mais famosa do planeta, a BBC.
Habituados a receber visitas de todos os cantos do mundo, não deixaram, contudo, passar em branco o facto de sermos portugueses, a terra onde desapareceu Maddy, a criança inglesa.
Levaram-nos a conhecer alguns dos estúdios mais famosos do canal. Visitamos a sala de redacção onde trabalham. Foi-nos contado o famoso segredo para a apresentação do boletim metereológico... mas não o podemos revelar, não porque nos tenha sido pedido sigilo, mas porque se o fizéssemos deixava de ser segredo!
Contudo, há outras coisas interessantes que podemos partilhar, como por exemplo sermos conduzidos dentro do edifício por uma guia, que era, também, cantora! A mesma que afirmou, em nome da BBC, a indisponibilidade para receber novamente artistas como Jenniffer Lopez. E então porquê? - perguntamos nós - Porque entre outros motivos, a artista deslocou-se com um infindável leque de staff no canal, chegando mesmo a levar um técnico para a cosmética do lado esquerdo da cara e um outro para o lado direito. A sua presença no referido canal foi de tal forma dificultada por este tipo de burocracias que o mesmo prefere deslocar-se a um local à escolha da cantora, da próxima vez que a tiverem que entrevistar.
Em Londres tudo tem uma particularidade. A BBC não fugiu à regra. Para visitarmos aquele universo, tivemos de pagar com cartão de crédito, não aceitaram nenhuma outra forma de pagamento.
Fim da última visita, estava na hora de regressar. A vontade não era muita, não que a viagem de Londres a Standsted seja exageradamente longa, mas porque partimos na melhor altura, a altura em que estávamos a aprender a ser londrinos e em que curiosamente, ou não, estávamos a gostar!
As particularidades de Londres
Se o lixo no chão o incomoda, Londres é o destino certo para curar essa fobia. Um pouco por todo o lado há papeis e restos de comida espalhadas pelo chão, até no metro, onde volta e meia se vêem varredores a recolher o que sobrou do pequeno-almoço ou do almoço nas carruagens.
Falando em pequeno-almoço, junte um prato de salsichas, uma fatia de bacon, meia dúzia de feijões, torradas e, dependendo dos estômagos mais ou menos sensíveis, chá ou leite. Aqui tem a típica formula com que os londrinos começam o dia. Os preços variam, mas pouco, rodando cada um destes kits as 5£ ou 6£. Os paladares vegetarianos não são deixados de parte, e rondam, também as 6£.
Continuando pela gastronomia inglesa, se é apreciador de doces, não deixe de provar os tradicionais muffins. Estão por todo o lado, na pastelaria fina ou na feira de Portobello, os muffins, fazem parte do dia-a-dia londrino. Com pedaços de amoras, com aroma a limão ou simplesmente pintalgados de chocolate, há destes queques para todos os gostos.
Dos "comes" para os "bebes", Londres é também conhecida pela variedade de chás. Por pouco mais de 2£ é possível adquirir um pacote 40g. Os sabores vão desde os mais tradicionais, como o de limão, ao de frutos vermelhos ou misturas exóticas. Na baixa, em Piccadilly, há mesmo uma loja onde se dividem por dois andares os mais variados tipos de chá e respectivos acessórios.
E se fôssemos jantar ...
... à China?
Piccadilly é o centro de tudo! Lojas de chás, espaços esotéricos, lojas de Sushi e Sashimi e até Chinatown é um desses exemplos!
Se pensa que me refiro a lojas de chineses que se multiplicam desgovernadamente pelo coração da baixa londrina, desengane-se! Chinatown ocupa apenas algumas ruas no coração de Piccadilly, uma porta vermelha assinala a entrada em território asiático. Esquerda ou direita o destino é semelhante: a China! Restaurantes de comida típica, cafés, bares, supermercados,...também o país dos olhos em bico parece ter-se mudado para lá!
Sem duvida uma cidade multicultural
Além de Chinatown, temos o passageiro português que viaja de autocarro numa sexta feira, regressado de uma noitada - a moçambicana – e trabalha na caixa de um supermercado, o italiano que cozinha pasta num restaurante de Piccadilly ou o angolano que conduz o autocarro. Londres, é sem dúvida um mundo de culturas, ou em inglês puro um "melting pot".
O humor britânico
Não é mito urbano. Existe e recomenda-se! Num dos últimos dias, um pouco perdidos em direcção a Trafalgar Square, passamos - por acaso - à porta de um centro comercial que, com o típico humor, assinalava na porta "Aberto, como de costume".
Numa outra altura, um pouco mais relaxada em que bebíamos um iogurte natural, reparamos na sua composição que no fim dizia "...E se não cumprirmos os requisitos que mencionamos atrás, podem sempre chamar os vossos pais!". (um à parte...não se tratava de um alimento especialmente dedicado a crianças!).
Aspectos positivos
Há muita segurança: mas a polícia não actua de forma persuasiva mas sim educativa e de entre-ajuda para com os habitantes e turistas;
Seis pessoas de visita a Londres, por sete dias, nenhuma, em momento algum viu um animal abandonado na rua. (salvo o rato no caixote do lixo da vizinha em Old Kent Road!)
Os horários dos autocarros: passam com bastante frequência, raramente se espera mais do que 10 minutos por um "vermelhinho de dois andares", pelo menos durante o dia, à noite a história é outra, contudo, quase sempre pontuais!
Aspectos negativos
A poluição nas ruas, a consequente (ou menos aparente) despreocupação por parte de autoridades e habitantes.
Se for a Londres...
...Não abandone em momento algum as suas carteiras, malas ou sacos, corre o risco de passar por um suposto terrorista...há avisos espalhados por tudo o que é local público!
... não tente encontrar uma agulha num palheiro, os caixotes do lixo são praticamente inexistentes, (segundo apuramos junto de alguns londrinos, por motivos de segurança),
... não pare no lado esquerdo das escadas rolantes, se em Portugal o aviso "circule pela direita" é um pedido em Londres é uma ordem! Digamos que é uma espécie de equivalente da "Via Verde" nas estradas portuguesas, mas na versão "escada rolante",
... Olhe sempre muito bem para ambos os lados antes de atravessar a rua, não se esqueça que em Inglaterra a circulação é feita pela direita!
... Se pretende visitar o Madame Tussauds vá “equipado” com paciencia e farnel, a espera é longa, mesmo em horas de almoço. O ideal é fazer a pré-reserva on-line, lembre-se, contudo, que mais pessoas além de si tiveram a mesma ideia, pelo que a fila para estes casos não é tão extensa, mas recomendam-se, também algumas doses de paciência e para os mais famintos uma ou outra sandwich.
... Prepare-se para ser revistado em praticamente todos os museus, monumentos e galerias que visitar...(mais uma vez por razões de segurança!)
...se pertencer à imprensa e quiser visitar a Torre de Londres: leve o portátil e Internet sem fios. Para ser recebido pelo gabinete de imprensa, terá de enviar um e-mail primeiro, pessoalmente não o atendem, mesmo que estejam lá!O melhor de tudo...têm humor britanico suficiente para o admitir!
...Se precisar de alguma informação o ideal é procurar um agente policial, afinal eles estão por todo o lado e dispõem de todo o tipo de informações: mapas da cidade, horários dos transportes públicos, etc.
... Não se admire de ver os bares fechados à 1h da manhã, afinal eles já estão abertos desde as 17h30!
... Traga consigo alguns trocos no bolso para doar aos museus, eles são quase todos de acesso gratuito, mas na entrada todo o visitante é convidado a dar uma pequena ajuda...
... Nunca confie num horário de funcionamento de qualquer edifício público. Se lhe dizem que fecha às 17h30, implica que às 17h seja praticamente forçado a sair (o Museu de Ciência é um desses exemplos).
... Se quer ir ver um musical não perca tempo a comprar bilhetes pela Internet, não esgotam assim com tanta facilidade e em Piccadilly arranjará certamente mais barato, se não por metade do preço.
... Se pedir um café, acrescente sempre "expresso" caso contrário apresentar-lhe-ão uma meia de leite equivalente a 4 ou 5 chávenas de café!
por Daniela Costa